segunda-feira, 6 de abril de 2015

Fomos todos Charlie



Sim, já venho tarde, já não venho a tempo de ser mais um a falar sobre o atentado terrorista no dia 7 de Janeiro de 2015, o atentado que mais deu que falar desde os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, mas não foi por falta de ideias, nem por falta de vontade que eu ainda não dei a minha opinião, apenas preferi manter-me no silêncio e ler / ouvir, tudo aquilo que todos tinham para dizer, e assim, concordar ou discordar com as opiniões de cada um, podem vir discordar de tudo o que vou escrever, e podem vir para aqui chateados falar sabe-se la do que, e podem tentar mudar a minha opinião, se quiserem depois envio-vos uma fotografia da minha cara de preocupado.

Antes de mais, vamos lá tratar as coisas pelos nomes, uma coisa é um muçulmano, que é um
a pessoa que segue a religião islâmica, uma coisa completamente diferente e incomparável, é um terrorista de qualquer tipo, ou seja, alguém que espalha o terror, certas vezes por ser extremista de qualquer religião, ou mesmo alguém que pratica actos terroristas sem qualquer motivo aparente, portanto vamos acabar com os rótulos, porque isso fica-vos muito mal.

Será que as atrocidades cometidas por uns justificam a exclusão social e a repugna demonstrada por outros?!

O facto de alguém pertencer a qualquer religião não faz dessa pessoa mais terrorista do que qualquer um de nós, usar barba e turbantes não mata. O que mata é o que está para la de qualquer aparência, o que mata é algo que não se vê, a maldade que vive dentro de muita gente.

Vivemos no mundo doente, temos de admitir, por mais que essa doença esteja camuflada por musicas bonitas, e paisagens inspiradoras, comediantes que nos fazem rir. Isto é tudo muito bonito, na nossa parte do mundo, só conhecemos sol e alegria, felizmente estamos numa época em que se vive relativamente bem e em paz, na Europa vivem-se bons tempos, por mais que os media nos tentem assustar com crises e com o aquecimento global, poucos realmente têm razões para se queixar dos tempos que passamos. No entanto, de um momento para o outro meio mundo assustou-se, porque deu-se este infamo atentado, foi um acto horrivel, sem qualquer duvida, uma tentativa de suprimir a o direito a liberdade de expressão com uma injeção de medo. Mas o impacto que este atentado teve apenas se deu porque aconteceu cá, aqui onde todos pensávamos que estariamos sempre confortaveis e protegidos, mas apenas tivémos um pequeno "demo" daquilo que é a vida diária de algumas pessoas noutras partes do nosso mundo.



Faz hoje quatro dias que aconteceu, e deste vez sim, é revoltante. A pergunta é, das 147 pessoas, quantos mereciam, quantos têm culpa de algo tão grave que justifique o que lhes aconteceu?

142 dos quais, Estudantes, o crime que estavam a cometer era tentar construir as suas vidas. O massacre do Charlie Hebdo tirou a vida a 12 pessoas, foi horrivel, foi assustador, e o mundo civilizado revoltou-se, foi lançado o movimento, todos eramos charlie, uns mais que outros, não se falou de outra coisa, todos os grandes eventos do passado ano tiveram uma homenagem ás vitimas daquele dia.

Mas e a Universidade Quéniana?! onde está o movimento?? Onde está aquela revolta? Onde estão as missas? Onde estão as homenagens? Será que já estamos habituados? Como aconteceu no continente das tragedias, já ninguem se incomoda?? Tenham vergonha. Cá morreram 12, lá morreram 147, ou seja, a vida de de cada cidadão Europeu vale mais que 12 vidas Africanas.

Somos todos Hipócritas, é isso que somos, somos todos culpados de ignorarmos aquilo que acontece a terceiros. Estamos nós muito bem sentados á mesa, de barriga cheia, vemos a noticia, temos pena durante 10 segundos, e depois cai no esquecimento, continuamos a comer e a aproveitar a calmaria das nossas vidas.

Podia dizer que a solução é matar os muçulmanos todos, como dizia um sketch dos Gato Fedorente, inventa-se uma bomba que mata só muçulmanos? Vai lá pelo cheiro a caril. Tem piada, temos de admitir. Mas será que era solução? Matar pessoas que mataram pessoas com o intuito de demonstrar que matar pessoas é errado? (oi?)

Epá, resumindo, pessoas más há no mundo todo, a maldade não escolhe religião nem etnia, simplesmente acontece.

Algo tem de mudar, ainda ninguém conseguia foi desvendar o que se vai mudar, nem como o fazer. Mas ou algo se faz, ou caminhamos para a nossa própria desgraça.